1962 - Com Garrincha, vem o bi
Data: De 30 maio a 17 de junho
Países participantes: 16
Campeão: Brasil
2º Colocado: Tchescolovaquia
3º Colocado: Chile
Números: 32 jogos e 89 gols (média de 2,8)
Após o título incontestável da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1958 na Suécia, nada mais natural do que esperar que o elenco que participaria do Mundial de 1962, muito parecido com aquele da competição anterior, chegasse ao Chile como favorito à conquista.
Afinal, no Brasil as coisas podiam não estar tão estáveis com o presidente Jango Goulart, suas políticas de esquerda e os protestos da golpista oposição de direita. Entretanto, em terras chilenas, Pelé, Garrincha e Cia garantiam a alegria do povo.
A estreia no Mundial confirmou as expectativas. O time canarinho venceu o México por 2 a 0, com direito a golaço de Pelé. No segundo jogo, porém, o Rei teve que deixar o duelo contra a Tchecoslováquia com uma lesão na coxa direita, e a equipe verde amarela só empatou por 0 a 0. Pior: Pelé estava fora da Copa. Não teve problema. Porque Garrincha, o gênio das pernas tortas, colocou a bola embaixo do braço e carregou o país rumo ao bicampeonato.
Na partida final da fase de grupos contra a Espanha, teve drama. Os espanhóis, reforçados pelos naturalizados Puskás e Di Stefano – este no banco de reservas – abriram o placar aos 35 minutos da etapa inicial com Adelardo e sustentaram a vitória até boa parte da segunda etapa. Os campeões estavam sendo eliminados. Contudo, dois gols do substituto de Pelé, Amarildo, um aos 27 e outro aos 41, colocaram o Brasil na fase seguinte.
Além dos brasileiros, avançaram às quartas de final os perigosos União Soviética e Iugoslávia, que deixaram para trás em seu grupo o tradicional Uruguai, a campeã de 1954 Alemanha, o dono da casa, o Chile, os tchecoslovacos, a Hungria e a Inglaterra.
Nas quartas, diante da Inglaterra, começou a brilhar a estrela de Garrincha. O Mané foi o destaque da vitória por 3 a 1, com um gol de cabeça, outro em belo chute de longe e participação no gol de Vavá. Os adversários das semis foram os chilenos e seus 80 mil torcedores no Estádio Nacional. Nada que assustasse o Brasil: dois gols de Vavá, outros dois de Garrincha, e vitória por 4 a 2. Os anfitriões ainda fechariam sua participação de forma digna com 1 a 0 sobre a Iugoslávia e o terceiro lugar. Na final, vitória da seleção brasileira sobre a Tchecoslováquia por 3 a 1 de virada e bicampeonato.
O Brasil foi à Copa com:
Laterais: Djalma Santos (Palmeiras), Nílton Santos (Botafogo), Jair Marinho (Fluminense) e Altair (Fluminense);
Zagueiros: Mauro (Santos), Bellini (São Paulo), Zózimo (Bangu) e Jurandir (São Paulo);
Meio-campistas: Zito (Santos), Didi (Botafogo), Zequinha (Palmeiras) e Mengálvio (Santos);
Atacantes: Garrincha (Botafogo), Zagallo (Botafogo), Vavá (Palmeiras), Pelé (Santos), Jair da Costa (Portuguesa), Coutinho (Santos), Amarildo (Botafogo) e Pepe (Santos);
Técnico: Aymoré Moreira.
CURIOSIDADES
A seleção brasileira utilizou apenas 12 jogadores em sua campanha vitoriosa no Chile, um recorde mínimo até hoje.
Campeão do mundo em 1958, boa parte do elenco seleção brasileira se manteve quatro anos depois no Chile e tornou-se o grupo mais velho a vencer um Mundial.
Não bastasse a derrota para o Brasil, Jimmy Greaves, jogador da Inglaterra, teve que correr pelo campo atrás de um cão que urinou em seu uniforme durante o jogo pelas quartas de final.
No empate entre URSS e Colômbia por 4 a 4 na fase de grupos, foi marcado o primeiro e até hoje único gol olímpico da história das Copas, dos pés do colombiano Marcos Coll.
Três argentinos defenderam outras seleções na Copa de 1962: Di Stefano jogou pela Espanha, Sivori pela Itália e Pedernera treinou a Colômbia.
Em 1962, além dos argentinos, Puskás, que já havia defendido a Hungria na Copa de 1954, jogou pela Espanha, e Mazzolla, que atuou pelo Brasil em 1958, vestiu a camisa da Itália - lá, onde comenta jogos até hoje, era conhecido como Altafini.
Durante os preparativos para a Copa, em 1960, o maior terremoto da história, com 9,5 pontos na escala Richter, assolou o Chile.
O atacante Vavá tornou-se no Chile o primeiro jogador a marcar gols em duas decisões seguidas de Copa: fez dois em 58 contra a Suécia e um contra a Tchecoslováquia em 62.
Campeão em 1962, o técnico Aymoré Moreira foi o primeiro ex-jogador – era goleiro - a assumir o cargo de treinador da seleção brasileira.
Os jornalistas brasileiros foram obrigados a trabalhar no resto da Copa com a roupa usada na vitória do Brasil na estreia contra o México. Quem mudasse uma peça era impedido pelos companheiros de entrar.
O GOL DA COPA
17/06/1962
Brasil 3 x 1 Tchecoslováquia (Vavá)
Desde 1934, quem começava uma final de Copa em vantagem não resistia e sofria a virada. A Tchecoslováquia começou vencendo, com gol de Masopust, aos 15 minutos, mas tomou o empate de Amarildo apenas dois minutos depois. A esperança, então, passou a ser o goleiro Schroiff, eleito o melhor daquele Mundial. Só que, aos 32 do segundo tempo, Schroiff errou ao tentar cortar o cruzamento de Zagallo e largou a bola na cabeça de Zito. Pior foi depois. O cruzamento de Djalma Santos obrigou o goleiro tcheco à sair com um salto. Espatifou-se com a bola que caiu no pé de Vavá. Com o gol vazio, o Peito de Aço fez o gol do bicampeonato brasileiro.
DESTAQUE DA COPA
Quando Pelé deixou o jogo contra a Tchecoslováquia lesionado e não voltou mais para a competição, todo o peso da responsabilidade dos atuais campeões mundiais caiu sobre as pernas tortas de Garrinha. E o Mané não decepcionou. Seus dribles mágicos e quatro gols ajudaram o Brasil a se tornar bicampeão do mundo no Chile. Grande nome do Botafogo, Garrincha teria um final de carreira e vida melancólicos. Morreu só e sem dinheiro.
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