Data: De 08 a 29 de junho
Países participantes: 16
Campeão: Brasil
2º Colocado: Suecia
3º Colocado: França
Números: 35 jogos e 126 gols (média de 3,6)
A Copa de 1958 tem um mérito inquestionável: dividiu a história do futebol em duas partes. Em 22 dias, a seleção brasileira passou de abalada a vencedora, de derrotada a campeã.
O mundo conheceu e passou a admirar craques de nomes simples, como Zito, Didi, Vavá. Os suecos foram apresentados ao drible por Garrincha e tiveram a chance de ver o surgimento de um rei. Pelé, então com 17 anos, chegou ao Mundial como desconhecido. deixou os gramados nórdicos consagrado.
Os brasileiros desembarcaram na competição após dois fracassos. Em 1950, a equipe perdeu a final para o Uruguai, no Maracanã lotado. Quatro anos depois, caiu diante da Hungria na "Batalha de Berna". O caminho rumo à conquista inédita passava por um grupo difícil já na primeira fase. Entre os rivais, estavam a Inglaterra e a União Soviética, que disputava sua primeira Copa e tinha o grande goleiro Lev Iashin.
Na estreia, a seleção de Vicente Feola venceu a Áustria por 3 a 0, com dois gols de Mazzola e um de Nilton Santos. Mas foi o empate sem gols com a Inglaterra, na segunda partida, que definiu os rumos da seleção no Mundial. Insatisfeitos com a atuação da equipe, jogadores mais experientes reuniram-se com Feola e pediram mudanças. Saíram Dino Sani, Joel e Mazzola; entraram Zito, Garrincha e Pelé.
O resultado foi imediato. Pelé e Garrincha comandaram a vitória por 2 a 0 sobre a seleção soviética e ganharam lugar na equipe. O rival seguinte, já pelas quartas de final, era o País de Gales, seleção reconhecida pelo forte sistema defensivo. A retranca galesa só foi rompida graças à genialidade de Pelé. Com um gol aos 21 minutos do segundo tempo, o craque santista tornou-se o mais jovem jogador a marcar em uma Copa. E o Brasil voltou à semi.
As duas partidas decisivas foram as melhores da seleção. Na semifinal, Pelé marcou três vezes diante da França de Kopa e Fontaine. O Brasil venceu por 5 a 2, e os franceses se renderam ao talento do Rei.
A final, contra os suecos, foi uma grande celebração do futebol. A torcida da casa chegou a ter esperanças com o gol de Liedholm, aos 4 minutos, mas Vavá, Pelé e Zagallo colocaram fim ao sonho dos locais. A festa, contudo, não parou. De pé, os nórdicos aplaudiram a goleada por 5 a 2. Afinal, tiveram o privilégio de assistir ao surgimento de uma nova potência do futebol. E foram os primeiros súditos do novo rei.
O Brasil foi à Copa com:
Goleiros: Castilho (Fluminense) e Gilmar (Corinthians);
Laterais: Djalma Santos (Portuguesa), Oreco (Corinthians), Nilton Santos (Botafogo) e De Sordi (São Paulo);
Zagueiros: Bellini (Vasco), Orlando (Vasco), Mauro (São Paulo) e Zózimo (Bangu);
Meio-campistas: Dino Sani (São Paulo), Didi (Botafogo), Moacir (Flamengo) e Zito (Santos);
Atacantes: Pelé (Santos), Garrincha (Botafogo), Joel (Flamengo), Mazzola (Palmeiras), Vavá (Vasco), Dida (Flamengo) e Pepe (Santos);
Técnico: Vicente Feola.
CURIOSIDADES
A numeração da seleção brasileira para a Copa foi escolhida arbitrariamente por um funcionário da Fifa: o goleiro Gilmar, por exemplo, era o camisa 3. E Pelé ficou com a 10.
Ao fazer o gol da vitória brasileira sobre o País de Gales, no dia 19 de junho, Pelé tinha 17 anos e 239 dias. Ele é, até hoje, o mais jovem jogador a marcar em uma Copa do Mundo.
Com 13 gols em seis partidas, o atacante francês Just Fontaine foi o artilheiro do Mundial com a melhor marca em uma única edição do evento. Na disputa do 3º lugar, ele fez quatro nos 6 a 3 contra a Alemanha Ocidental. Detalhe: Fontaine só entrou na equipe porque o titular Renè Bliard lesionou-se às vésperas da convocação final.
O Mundial da Suécia foi o primeiro - e até o hoje o único - a reunir os quatro países da Grã-Bretanha: os estreantes País de Gales e Irlanda do Norte foram até as quartas de final, enquanto Inglaterra e Escócia caíram na primeira fase.
A delegação brasileira teve de improvisar o uniforme da equipe para a final contra os suecos. Sem camisas oficiais azuis, os dirigentes compraram as peças em uma loja de Estocolmo. Os escudos, arrancados dos uniformes amarelos, foram costurados horas antes do confronto.
Apesar da alta média de gols e de artilheiros como Fontaine e Pelé, a Copa de 1958 entrou para a história também pelo primeiro empate sem gols. Foi no confronto entre Brasil e Inglaterra, na fase de grupos.
O apoio da torcida e a boa campanha na primeira fase não empolgaram muito os jogadores da seleção sueca. Após a vitória por 2 a 0 sobre a União Soviética, nas quartas de final, vários atletas revelaram que haviam deixado as malas prontas no hotel, certos de que seriam derrotados e iriam para suas casas.
Ao vencer a Copa na Suécia, o Brasil tornou-se o primeiro país a chegar ao título fora de seu continente. O feito foi repetido apenas em 2002, novamente pela seleção brasileira, no Mundial de Japão e Coreia do Sul
O GOL DA COPA
19/06/1958
Brasil 1 x 0 País de Gales (Pelé)
O passe de Mazzola foi uma luz no meio da defesa do País de Gales, tão fechada a ponto de resistir ao mágico esquadrão brasileiro até os 21 do segundo tempo. Mazzola encontrou Pelé no meio da área, frente a frente com o zagueiro Mel Charles. Em vez de um drible comum, o Rei, aos 17 anos, levou a bola à frente do rosto de Charles. Não foi um chapéu comum, mas uma obra de arte. A conclusão, sem deixar a bola cair, anunciava que não se estava diante de um jogador qualquer. O gol da vitória por 1 a 0 classificou o Brasil para as semifinais e foi o primeiro de Pelé na história das Copas.
DESTAQUE DA COPA
Por trás da genialidade de Pelé, dos dribles de Garrincha e dos gols de Vavá, havia um maestro na seleção brasileira. Didi superou a frustração pela derrota em 1954 e comandou o primeiro título brasileiro. Um exemplo da liderança do meia pôde ser visto na final. Após o gol de Liedholm, aos 4 minutos, o 'Príncipe Etíope' pegou a bola no fundo das redes e caminhou tranquilo rumo ao círculo central, pedindo calma aos companheiros. Deu certo: o Brasil virou, goleou e levantou a taça.
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