1970 - A maior seleção da história
Data: De 31 de maio a 21 de junho
Países participantes: 16
Campeão: Brasil
2º Colocado: Italia
3º Colocado: Alemanha
Números: 32 jogos e 95 gols (média de 2,97)
Quis o destino que justamente em um dos períodos mais sombrios da história brasileira – o da ditadura militar nos anos 1960 e 1970 – o país fosse representado em uma Copa do Mundo pela melhor seleção de futebol de todos os tempos. Enquanto ativistas políticos eram presos e torturados no Brasil, o time de craques que tinha nomes como Pelé, Rivellino, Tostão, Gérson, Clodoaldo, Carlos Alberto Torres e Jairzinho encantava em gramados mexicanos.
No Mundial do México, a equipe foi comandada pelo técnico Zagallo, bicampeão mundial como jogador em 1958 e 1962 e que assumiu a equipe após a queda de João Saldanha – que não agradava aos militares por ter sido membro do extinto Partido Comunista. Dentro de campo, o que se viu foi um time eficiente e que dava espetáculo: pela primeira vez na história, o Brasil venceu todos os jogos que disputou na Copa: 4 a 1 na Tchecoslováquia, 1 a 0 na Inglaterra (detentora do título de 1966), 3 a 2 na Romênia, 4 a 2 no Peru, 3 a 1 na fortíssima seleção uruguaia e, na decisão, goleada por 4 a 1 sobre a Itália, o jogo do tri.
O título serviu para apagar a péssima impressão deixada pela seleção em 1966 e consolidou a supremacia do Brasil no cenário internacional. Era o terceiro título em um período de 12 anos. Em campo, Pelé se consagrou como Rei do Futebol naquela que seria sua última Copa. E Jairzinho, o “Furacão da Copa”, foi o artilheiro com seis gols (marcou em todos os jogos do time).
Além dos brasileiros, craques como o alemão Franz Beckenbauer e os italianos Riva e Rivera brilharam na competição. O uruguaio Pedro Rocha, um dos maiores jogadores do mundo na época, se machucou na estreia da Celeste e não pôde mais atuar no Mundial, mas viu sua seleção terminar em quarto.
Na volta ao Brasil, a seleção tricampeã sofreu novamente com a exploração política do futebol pelas autoridades ligadas ao regime militar. O então prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, por exemplo, presenteou os jogadores com carros Fusca em um evento público. O ufanismo tomou conta das ruas, enquanto os porões da ditadura colecionavam vítimas de atrocidades.
O Brasil foi à Copa com:
Goleiros: Félix (Fluminense), Ado (Corinthians) e Leão (Palmeiras);
Laterais: Carlos Alberto Torres (Santos), Zé Maria (Portuguesa), Everaldo (Grêmio) e Marco Antônio (Fluminense);
Zagueiros: Brito (Flamengo), Baldochi (Palmeiras), Fontana (Cruzeiro) e Joel Camargo (Santos);
Meio-campistas: Clodoaldo (Santos), Piazza (Cruzeiro), Gérson (São Paulo), Pelé (Santos), Rivellino (Corinthians) e Tostão (Cruzeiro);
Atacantes: Jairzinho (Botafogo), Dadá Maravilha (Atlético-MG), Roberto Miranda (Botafogo), Paulo César (Botafogo) e Edu (Santos);
Técnico: Mário Jorge Lobo Zagallo
CURIOSIDADES
A Copa do Mundo de 1970 foi a primeira a ser disputada fora da América do Sul ou da Europa. O México foi escolhido em outubro de 1964.
Como primeira seleção a conquistar três vezes o título mundial, o Brasil ganhou o direito à posse definitiva da Taça Jules Rimet. Anos depois, em 1983, o troféu seria roubado da sede da CBF e derretido para a venda de seu ouro.
Os cartões amarelo e vermelho surgiram no Mundial de 1970. Até a Copa de 1966, os jogadores eram advertidos ou expulsos de campo apenas verbalmente.
As substituições durante as partidas também apareceram pela primeira vez em 1970 – só eram permitidas duas trocas.
O primeiro jogador da história das Copas a ser substituído foi Viktor Serebryanikov, da União Soviética, que deu lugar a Anatoliy Puzach no intervalo da estreia contra os anfitriões mexicanos.
Zagallo foi o primeiro técnico campeão do mundo depois de conquistar o título como jogador (em 58 e 62).
O duelo entre Itália e Alemanha, em uma das semifinais da Copa de 1970, é apontado até hoje como o mais emocionante dos Mundiais. A Azzurra venceu por 4 a 3 (1 a 1 no tempo normal e 3 a 2 na prorrogação).
A superioridade do Brasil na competição se refletiu no número de jogadores da equipe eleitos para a seleção da Copa. Foram seis: Carlos Alberto, Clodoaldo, Gérson, Pelé, Rivellino e Jairzinho.
Todos os jogadores de ataque da seleção brasileira vestiam a camisa 10 em seus respectivos clubes – Pelé, Tostão, Rivellino, Jairzinho e Gérson. Para o Mundial, o Rei teve preferência.
Em 1970, Carlos Alberto Parreira fez sua primeira parceria com Zagallo na seleção brasileira em uma Copa do Mundo – ele foi um dos três preparadores físicos que foram ao México. A dupla voltaria a trabalhar junta com o Brasil em 1994 e 2006.
O GOL DA COPA
21/06/1970
Brasil 4 x 1 Itália (Carlos Alberto)
A jogada começa ainda no campo de defesa, com uma sequência alucinante de dribles de Clodoaldo. Dele para Everaldo e o lançamento para Jairzinho. Na ponta-esquerda, Jair forçava o lateral Facchetti a acompanhá-lo, fruto da rigorosa marcação homem a homem dos italianos. De Jair a Pelé, marcado por Burgnich, também individualmente. Quando o passe sai de Pelé para Carlos Alberto encontra o lateral absolutamente desmaracado. Claro, se o lateral-esquerdo acompanhava Jairzinho... A jogada inteira foi linda. Até o caprichoso quique da bola que a deixou pronta para o peito do pé direito de Carlos Alberto estufar a rede de Albertosi.
DESTAQUE DA COPA
Edson Arantes do Nascimento chegou ao México já com dois títulos mundiais e três participações em Copas no currículo. Mas depois do fiasco da seleção brasileira em 1966, o Rei do Futebol já enfrentava críticas dos que começavam a duvidar da longevidade de seu reinado. Pelé respondeu em campo. Aos 29 anos, o camisa 10 marcou quatro gols (um deles na final contra a Itália) e imortalizou ao menos três lances fantásticos: o chute do meio do campo que tentou surpreender o goleiro Ivo Viktor, da Tchecoslováquia, a cabeçada milagrosamente defendida pelo britânico Gordon Banks e o drible de corpo no arqueiro uruguaio Mazurkiewicz.
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