Quem estava duplamente feliz e se dizia duplamente abençoado era o presidente do Santa Cruz, Luiz Antônio “Tomba”. Ele foi quem incentivou a criação de um clube profissional na cidade, quando prefeito, e no mandato dele que a cidade teve o monumento em homenagem a Santa Rita construído.
“Eu acho que Deus olhou para gente com muito carinho. Só eu sei o que sofri para chegar onde eu cheguei: nas indicações dos árbitros, na saída do Frasqueirão em Natal no primeiro jogo, onde fui xingado. Mas agora veio a resposta com esse placar maravilhoso e a mostra de que temos uma torcida pacata, maravilhosa e que só pensa em fazer sua festa. Não há o que se contestar neste título”, disse Tomba ainda no gramado, visivelmente emocionado e que não segurou o choro quando os olhos encheram de lágrimas. “Estou feliz, vou comemorar, mas não deixarei de ir a Igreja e de subir o alto de Santa Rita para agradecer essa graça”.
A valorosa conquista foi reconhecida como tal e a diretoria promete pagar uma premiação digna aos jogadores. “O carro já foi doado ao grupo e ainda vou complementar o bicho com mais R$ 15 mil. Além disso pretendo organizar os comerciantes da cidade para juntar o dinheiro para compra de um carro de luxo e repassar para aumentar essa premiação. Eles foram uns guerreiros e são merecedores”, salientou o dirigente.
Show de bola
Mesmo cientes de que estariam medindo forças contra um clube emergente do futebol nacional, o Santa Cruz não se intimidou em nenhum momento. A partida registrou um certo equilíbrio até o primeiro gol, marcado por Didi aos 23 minutos, num lance confuso e que quase foi anulado. Depois dai os donos dominaram por completo as ações dentro de campo. Na etapa final brilhou a estrela de Quirino que marcou aos 3, 19 e 25 minutos e o que se viu depois disso foi o Santa Cruz botar o ABC na rodada.
Em busca de lavar a honra, após ter sido derrotado no primeiro jogo, o tricolor não diminuiu o ritmo em nenhum momento, e só não obteve um resultado mais elástico devido a algumas belas intervenções do goleiro Welligton. Não há o que se contestar!
Ficha técnica
santa cruz - 4
Isaías; Rafinha, Pantera, Michel, Marciano (Paulinho); Jonatha (André Luiz), Robson, Lano, Paulinho; Quirino e Didi Potiguar (Alvinho). Técnico: Wassil Mendes
abc - 0
Welligton; Tiago Garça, Alessandro Lopes (China) e Irineu; Pio, Bileu, Basílio, Jackson (Gabriel) e Renatinho Potiguar (Renatinho Carioca); Cascata e Ray. Técnico: Leandro Campos
Estádio: Iberezão, Santa Cruz/RN
Árbitro: Evandro Rogério Roman, FIFA/PR
Público: 4.554 torcedores.
Renda: R$ 83. 840,00
Quirino brilha, mas mantém a humildade
Grande destaque na conquista do Santa Cruz, Qurino após extravasar toda sua emoção, mal conseguia falar da conquista. Ao lado da esposa e cercado pela imprensa, o jogador não conseguia disfarçar o desgaste provocado pela batalha no campo do Iberezão, que como um grande guerreiro, o camisa nove do Santa Cruz conseguiu definir.
Perguntado sobre a grande lição que se pode tirar de uma decisão como essa, o jogador destacou estar provado que todo e qualquer clube do interior pode ser campeão em cima de ABC ou América, frisando que para tanto, basta se programa e trabalhar certo, no mesmo nível de organização que os clubes da capital.
Com relação ao futuro, Quirino disse que não está preocupado com ele neste momento, pois ainda tem um turno inteiro a jogar pelo Santa Cruz e, no mínimo mais uma final. O fato de não ter tido oportunidade nas duas grandes forças do RN, não causa ressentimento no jogador, que nos últimos anos vem sempre figurando como destaque no Estadual.
“Sou feliz onde estou, por onde tenho a oportunidade de passar e acho que não tenho de provar nada a ninguém. O importante é estar cercado por pessoas que a gente ama e gostam da gente”. salientou o artilheiro.
Wassil destaca a garra dos seus jogadores
Quem disse que prata de casa não faz milagre? O treinador Wassil Mendes está ai para comprovar que um trabalho de sucesso não necessita de técnico de outro estado, nem um grupo repleto de jogadores caros. Wassil conduziu o Santa Cruz ao título do primeiro turno à frente de um grupo formado por jogadores “renegados” por ABC e América.
O treinador que mesmo com a larga vantagem no placar evitou comemorar antes do final do jogo e cobrou garra aos seus jogadores até o últimos segundo, fez questão de dividir o sucesso com os atletas.
“ A determinação do grupo foi fundamental, não faltou luta, vários deles caíram com cãibras, levantaram. O pessoal tava com uma vontade muito grande, o resultado do primeiro jogo também não nos abalou, sabíamos que tínhamos condições de suplantar a adversidade dentro de casa. Graças a Deus conseguimos e acredito que o título ficou em boas mãos”, ressaltou, o treinador.
Didi destaca o poder da fé na Santa
O jejum de gols foi longo, mas a persistência costuma ser uma das grandes virtudes dos artilheiros. Foi assim que Didi conseguiu assimilar a sequência de cinco jogos sem marcar, para fazer sua estrela voltar a brilhar justamente no momento mais importante para o Santa Cruz, na competição. Ele abriu o caminho para conquista e retrucou quem brincava com a força da fé.
“Alguns torcedores chegaram aqui dizendo que a Padroeira estava de férias. Ela nunca tira férias, ela sempre está iluminando a gente. Agora eu pergunto, o impossível aconteceu ou não aconteceu”, disse o extrovertido Didi.
O jogador reconheceu a paridade de forças entre as equipes, destacando que o Santa Cruz foi mais competente em campo. “lá eles poderiam ter nos goleado, não conseguiram e no segundo jogo, marcação deles não encaixou em cima do nosso time e conseguimos golear eles. São coisas do futebol, vence quem tira proveito da oportunidade”, destaca.
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