Se ainda serve para mexer com a emoção do torcedor e manter a rivalidade em alta; em termos financeiros o Campeonato Estadual está se tornando um verdadeiro martírio para os clubes. Quem não tem como tentar driblar o prejuízo, no caso do Coríntians de Caicó, está sendo obrigado a pagar para jogar na maioria das vezes. O Galo do Seridó, primeiro clube do interior a quebrar a hegemonia de título dos clubes da capital, conseguiu a proeza de apresentar saldo negativo em todas as cinco partidas realizadas no estádio Marizão.
Dos clubes que estão em atividade na divisão de elite, o único que pode comemorar é justamente o Santa Cruz, campeão do primeiro turno. Só com que arrecadou na final do turno contra o ABC R$ 51.850,20 já garantiu o pagamento da folha salarial do grupo e a sobra ainda foi suficiente para complementar o pagamento da premiação pelo título. Segundo o presidente Luiz Antônio “Tomba” a folha salarial do tricolor é a mais baixa dentre todos que disputam o Estadual.
O clássico entre América x ABC, no estádio Machadão, foi o que registrou o maior público e rendaO Palmeira, que estreou este ano na elite do futebol potiguar, com uma folha estimada em R$ 45 mil, está sentindo o peso de fazer futebol profissional num estado onde grande parte do foco dos torcedores nas cidades “satélites” de Natal demonstram preferencia pela dupla ABC e América. O arrecadado nos quatro jogos realizados na cidade de Goianinha (R$ 35.118,65) não foi suficiente sequer para quitar a folha salarial dos jogadores e dos membros da comissão técnica. Caso funcionasse como empresa estaria em dificuldade.
Nem mesmo o fato de ter realizado uma boa campanha, foi suficiente para chamar a atenção dos seus torcedores em Goianinha. O Estádio José Nazareno, que ainda está em fase de finalização, só chegou perto de esgotar sua atual lotação: 3 mil expectadores, no confronto diante do ABC, onde 2.165 torcedores ignoraram o calor das 15 horas para acompanhar a confronto. Vale a pena se registrar que metade ou mais da metade desse público era composto por torcedores da equipe natalense.
Com as receitas modestas da televisão, que no RN não dá para atender as necessidades dos clubes, o presidente da Federação Norte-rio-grandense de Futebol (FNF), José Vanildo, disse fazer o que pode para diminuir a aflição financeira dos clubes de menor investimento. “Ajudo assumindo o pagamento de transporte, hospedagens e as algumas taxas de arbitragens. As arrecadações são tão baixas, que o apurado pela FNF com a porcentagem (10%) sobre as rendas de todo o primeiro turno, sequer deu para pagar um dos carros que compramos para dar de premiação aos campeões dos turnos”, afirmou o dirigente.
A maior arrecadação na fase inicial do Campeonato Potiguar ficou novamente para o clássico América x ABC ( R$ 179.720,00). O menor público foi registrado no estádio Edgard Montenegro, onde apenas 213 torcedores passaram nas roletas para assistir o confronto entre ASSU x Baraúnas.
Mas se engana quem pensa que acumular prejuízos com o futebol estadual é uma especialidade dos estados nordestinos. Na região, a exceção de Pernambuco, onde o governo estadual subsidia grande parte dos preços dos ingressos através do projeto Todos com a Nota, os campeonatos nem sempre são rentáveis, mas São Paulo padece do mesmo problema. Se não fosse a premiação milionária distribuída aos clubes pela Federação Paulista, a situação por lá também estaria complicada.
De acordo com informações do jornal Folha de S.Paulo, até o Corinthians — detentor da segunda maior torcida do país — anda pagando para jogar. Fato que há algum tempo não ocorre com a dupla ABC e América. Na sexta rodada do Paulistão, o Timão teve de pagar R$ 13.052,81 para enfrentar o Ituano no Pacaembu, o dinheiro da bilheteria não foi suficiente para cobrir os gastos. Por incrível que possa parecer esse foi o maior debito registrado numa única partida. Os demais foram: Americana (R$ 11.362,92) e Ituano (R$ 11.130,23, R$ 10.817,64 e R$ 9.941,12), que apenas no acumulado arranca o título negativo do Timão.
América é o líder de arrecadações
Embora sequer tenha chegado na final do primeiro turno, o América deixa a fase inicial do Campeonato Estadual como o campeão de arrecadação. No total deu entrada na conta corrente do clube a quantia de R$ 138.297,85, o que garante ao alvirrubro uma média de R$ 34.574,00 nos quatro jogos que o clube realizou no estádio Machadão. O ABC ficou na segunda colocação neste quesito com um total arrecadado de R$ 108.965,15, com o Santa Cruz em terceiro R$ 77.439,56.
Mas a liderança do América em termos de arrecadação está maquiada pelo fato de o Alvirrubro ter sido mandante do clássico contra o ABC, responsável pelo recorde de renda e público da competição até o momento. Caso montante arrecadado na partida fosse dividido, como nos tempos antigos, o Alvinegro superaria o seu rival na corrida pelo dinheiro. O montante americano cairia para um total líquido de R$ 75.311,85, enquanto o do ABC seria elevado para 171.951,15. Feito isso, até o Santa Cruz superaria o América, que cairia para terceira colocação.
Há muito tempo sem conquistas e contanto apenas com um grupo seleto de torcedores, o Alecrim optou por entrar em acordo com a direção americana e colocar suas partidas em Natal justamente na preliminar dos jogos onde o América também detinha o mando de campo. Com isso, a diretoria alviverde não se preocupava sequer com o pagamento da folha de campo, que no acordo de cavalheiros, era paga pelo América, como gentileza.
Sem tal expediente, certamente o Alecrim se juntaria a Coríntians, Centenário e Assu na disputa para saber quem amargaria o maior prejuízo no primeiro turno. Por enquanto essa proeza cabe ao Coríntians, uma vez que o torcedor caicoense não apresentou muita animação com a equipe formada pela diretoria do Galo e se mostrou arredia desde a primeira rodada, quando foi registrado um empate contra o Santa Cruz.
O maior público no Marizão foi registrado justamente na partida de estreia, 675 pagantes, muito a quem do esperado pelos dirigentes. Nem a presença do ABC (tido como o trem pagador da competição) conseguiu animar os caicoenses a comparecerem em maior número ao estádio. A partida que fechou a fase de classificação do primeiro turno, já mostrava um Galo sem chance de nada, apenas cumprindo tabela. O resultado disso foi que apenas 440 pessoas pagaram para ver o “espetáculo”. É comovente assistir uma equipe campeã estadual ter de pagar R$ 4.331,85 para jogar o primeiro turno. Outro campeão, o ASSU também foi obrigado a desembolsar dinheiro para cumprir com os compromissos nas duas últimas rodadas da primeira fase. No total o Camaleão gastou R$ 1.659,13 para enfrentar Baraúnas e Centenário.
Dirigente reclama a falta de projetos de incentivo
Algo tem de ser feito para voltar a atrair a atenção dos torcedores para o Campeonato Estadual. O Rio Grande do Norte é um dos únicos estados nordestinos que não dão incentivo ao futebol. A história de maior sucesso de parceria entre governo-futebol está em Pernambuco, onde todos os anos a Federação Pernambucana enaltece o fato de possuir o campeonato mais rentável do Nordeste.
O presidente da Federação Norte-rio-grandense de Futebol (FNF), José Vanildo, realizou algumas investidas atrás de firmar parceria com governo idêntica a realizada no estado vinho, através do projeto Todos com a Nota, mas não obteve êxito. O auxílio que conseguiu fechar neste sentido ocorreu no governo Wilma de Faria, mesmo assim a valores irrisórios. O programa do RN também exigia uma burocracia grande para o torcedor pegar o seu ingresso.
O dirigente voltou a clamar por ajuda. Ele ressaltou que o esporte potiguar, de um modo geral, precisa de investimento do Estado, inclusive o futebol, sob pena de a continuar esse quadro, das pessoas daqui a bem pouco tempo presenciarem a falência dos clubes de menor investimentos e que representam cidades importantes do Rio Grande do Norte.
“Quando se fala em ajuda para o futebol, algumas pessoas levantam a voz para dizer que os clubes são profissionais, possuem fontes de arrecadação e não necessitam de ajuda. Quando ouço isso não me conformo”, afirmou José Vanildo. “Governo e Prefeitura investem rios de dinheiro em propaganda fora visando trazer turistas para encherem os hotéis natalenses, que são propriedades privadas. Se eles geram emprego, o futebol também é uma fonte geradora de emprego e ainda serve para divulgar a cidade e o estado quando os nossos clubes jogam fora pelo Campeonato Brasileiro e pela Copa do Brasil. Será que nenhuma autoridade vê isso?”, indagou o presidente da FNF.
O cenário visto no primeiro turno promete se repetir no segundo. Para tanto basta conferir o público que prestigiou a primeira rodada do returno: Palmeira 2x0 Centenário (Renda: R$ 1.640,00 - Público: 164), Potiguar 0x1 ABC (Renda: R$ 7.180,00 - Público: 596), Santa Cruz 2x2 Coríntians (Renda: R$ 4.655,00 - Público: 586), Alecrim 1x2 ASSU/ América 2x2 Baraúnas (Renda: R$ 17.115,00 - Público: 1.147)
Dos clubes que estão em atividade na divisão de elite, o único que pode comemorar é justamente o Santa Cruz, campeão do primeiro turno. Só com que arrecadou na final do turno contra o ABC R$ 51.850,20 já garantiu o pagamento da folha salarial do grupo e a sobra ainda foi suficiente para complementar o pagamento da premiação pelo título. Segundo o presidente Luiz Antônio “Tomba” a folha salarial do tricolor é a mais baixa dentre todos que disputam o Estadual.
O clássico entre América x ABC, no estádio Machadão, foi o que registrou o maior público e rendaO Palmeira, que estreou este ano na elite do futebol potiguar, com uma folha estimada em R$ 45 mil, está sentindo o peso de fazer futebol profissional num estado onde grande parte do foco dos torcedores nas cidades “satélites” de Natal demonstram preferencia pela dupla ABC e América. O arrecadado nos quatro jogos realizados na cidade de Goianinha (R$ 35.118,65) não foi suficiente sequer para quitar a folha salarial dos jogadores e dos membros da comissão técnica. Caso funcionasse como empresa estaria em dificuldade.
Nem mesmo o fato de ter realizado uma boa campanha, foi suficiente para chamar a atenção dos seus torcedores em Goianinha. O Estádio José Nazareno, que ainda está em fase de finalização, só chegou perto de esgotar sua atual lotação: 3 mil expectadores, no confronto diante do ABC, onde 2.165 torcedores ignoraram o calor das 15 horas para acompanhar a confronto. Vale a pena se registrar que metade ou mais da metade desse público era composto por torcedores da equipe natalense.
Com as receitas modestas da televisão, que no RN não dá para atender as necessidades dos clubes, o presidente da Federação Norte-rio-grandense de Futebol (FNF), José Vanildo, disse fazer o que pode para diminuir a aflição financeira dos clubes de menor investimento. “Ajudo assumindo o pagamento de transporte, hospedagens e as algumas taxas de arbitragens. As arrecadações são tão baixas, que o apurado pela FNF com a porcentagem (10%) sobre as rendas de todo o primeiro turno, sequer deu para pagar um dos carros que compramos para dar de premiação aos campeões dos turnos”, afirmou o dirigente.
A maior arrecadação na fase inicial do Campeonato Potiguar ficou novamente para o clássico América x ABC ( R$ 179.720,00). O menor público foi registrado no estádio Edgard Montenegro, onde apenas 213 torcedores passaram nas roletas para assistir o confronto entre ASSU x Baraúnas.
Mas se engana quem pensa que acumular prejuízos com o futebol estadual é uma especialidade dos estados nordestinos. Na região, a exceção de Pernambuco, onde o governo estadual subsidia grande parte dos preços dos ingressos através do projeto Todos com a Nota, os campeonatos nem sempre são rentáveis, mas São Paulo padece do mesmo problema. Se não fosse a premiação milionária distribuída aos clubes pela Federação Paulista, a situação por lá também estaria complicada.
De acordo com informações do jornal Folha de S.Paulo, até o Corinthians — detentor da segunda maior torcida do país — anda pagando para jogar. Fato que há algum tempo não ocorre com a dupla ABC e América. Na sexta rodada do Paulistão, o Timão teve de pagar R$ 13.052,81 para enfrentar o Ituano no Pacaembu, o dinheiro da bilheteria não foi suficiente para cobrir os gastos. Por incrível que possa parecer esse foi o maior debito registrado numa única partida. Os demais foram: Americana (R$ 11.362,92) e Ituano (R$ 11.130,23, R$ 10.817,64 e R$ 9.941,12), que apenas no acumulado arranca o título negativo do Timão.
América é o líder de arrecadações
Embora sequer tenha chegado na final do primeiro turno, o América deixa a fase inicial do Campeonato Estadual como o campeão de arrecadação. No total deu entrada na conta corrente do clube a quantia de R$ 138.297,85, o que garante ao alvirrubro uma média de R$ 34.574,00 nos quatro jogos que o clube realizou no estádio Machadão. O ABC ficou na segunda colocação neste quesito com um total arrecadado de R$ 108.965,15, com o Santa Cruz em terceiro R$ 77.439,56.
Mas a liderança do América em termos de arrecadação está maquiada pelo fato de o Alvirrubro ter sido mandante do clássico contra o ABC, responsável pelo recorde de renda e público da competição até o momento. Caso montante arrecadado na partida fosse dividido, como nos tempos antigos, o Alvinegro superaria o seu rival na corrida pelo dinheiro. O montante americano cairia para um total líquido de R$ 75.311,85, enquanto o do ABC seria elevado para 171.951,15. Feito isso, até o Santa Cruz superaria o América, que cairia para terceira colocação.
Há muito tempo sem conquistas e contanto apenas com um grupo seleto de torcedores, o Alecrim optou por entrar em acordo com a direção americana e colocar suas partidas em Natal justamente na preliminar dos jogos onde o América também detinha o mando de campo. Com isso, a diretoria alviverde não se preocupava sequer com o pagamento da folha de campo, que no acordo de cavalheiros, era paga pelo América, como gentileza.
Sem tal expediente, certamente o Alecrim se juntaria a Coríntians, Centenário e Assu na disputa para saber quem amargaria o maior prejuízo no primeiro turno. Por enquanto essa proeza cabe ao Coríntians, uma vez que o torcedor caicoense não apresentou muita animação com a equipe formada pela diretoria do Galo e se mostrou arredia desde a primeira rodada, quando foi registrado um empate contra o Santa Cruz.
O maior público no Marizão foi registrado justamente na partida de estreia, 675 pagantes, muito a quem do esperado pelos dirigentes. Nem a presença do ABC (tido como o trem pagador da competição) conseguiu animar os caicoenses a comparecerem em maior número ao estádio. A partida que fechou a fase de classificação do primeiro turno, já mostrava um Galo sem chance de nada, apenas cumprindo tabela. O resultado disso foi que apenas 440 pessoas pagaram para ver o “espetáculo”. É comovente assistir uma equipe campeã estadual ter de pagar R$ 4.331,85 para jogar o primeiro turno. Outro campeão, o ASSU também foi obrigado a desembolsar dinheiro para cumprir com os compromissos nas duas últimas rodadas da primeira fase. No total o Camaleão gastou R$ 1.659,13 para enfrentar Baraúnas e Centenário.
Dirigente reclama a falta de projetos de incentivo
Algo tem de ser feito para voltar a atrair a atenção dos torcedores para o Campeonato Estadual. O Rio Grande do Norte é um dos únicos estados nordestinos que não dão incentivo ao futebol. A história de maior sucesso de parceria entre governo-futebol está em Pernambuco, onde todos os anos a Federação Pernambucana enaltece o fato de possuir o campeonato mais rentável do Nordeste.
O presidente da Federação Norte-rio-grandense de Futebol (FNF), José Vanildo, realizou algumas investidas atrás de firmar parceria com governo idêntica a realizada no estado vinho, através do projeto Todos com a Nota, mas não obteve êxito. O auxílio que conseguiu fechar neste sentido ocorreu no governo Wilma de Faria, mesmo assim a valores irrisórios. O programa do RN também exigia uma burocracia grande para o torcedor pegar o seu ingresso.
O dirigente voltou a clamar por ajuda. Ele ressaltou que o esporte potiguar, de um modo geral, precisa de investimento do Estado, inclusive o futebol, sob pena de a continuar esse quadro, das pessoas daqui a bem pouco tempo presenciarem a falência dos clubes de menor investimentos e que representam cidades importantes do Rio Grande do Norte.
“Quando se fala em ajuda para o futebol, algumas pessoas levantam a voz para dizer que os clubes são profissionais, possuem fontes de arrecadação e não necessitam de ajuda. Quando ouço isso não me conformo”, afirmou José Vanildo. “Governo e Prefeitura investem rios de dinheiro em propaganda fora visando trazer turistas para encherem os hotéis natalenses, que são propriedades privadas. Se eles geram emprego, o futebol também é uma fonte geradora de emprego e ainda serve para divulgar a cidade e o estado quando os nossos clubes jogam fora pelo Campeonato Brasileiro e pela Copa do Brasil. Será que nenhuma autoridade vê isso?”, indagou o presidente da FNF.
O cenário visto no primeiro turno promete se repetir no segundo. Para tanto basta conferir o público que prestigiou a primeira rodada do returno: Palmeira 2x0 Centenário (Renda: R$ 1.640,00 - Público: 164), Potiguar 0x1 ABC (Renda: R$ 7.180,00 - Público: 596), Santa Cruz 2x2 Coríntians (Renda: R$ 4.655,00 - Público: 586), Alecrim 1x2 ASSU/ América 2x2 Baraúnas (Renda: R$ 17.115,00 - Público: 1.147)
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