Seleção de Futsal de São Paulo do Potengi
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quarta-feira, 10 de março de 2010
A COPA CHEGA AO BRASIL - 1950
Em 1938, durante o congresso da FIFA em Paris, Brasil, Argentina e Alemanha apresentaram suas candidaturas para organizar a Copa de 1942. A Alemanha, que havia organizado a Olimpíada de 1936, era um fortíssimo pretendente. Porém, o argumento dos sul-americanos era igualmente forte: depois de duas Copas organizadas na Europa, era chegada a vez da América do Sul voltar a sediar a competição. A decisão final seria tomada no congresso da FIFA em Luxemburgo, marcado para 1940.
Contudo, em 1939, a Alemanha invadiria a Polônia dando início à II Guerra Mundial. O conflito global duraria seis anos e, por razões óbvias, as Copas de 1942 e 1946 acabaram não sendo realizadas. Assim, após o fim da conflagração, um novo congresso, remarcado para Luxemburgo em 1946, com o Brasil agora como candidato único, confirmou a Copa de 1949, depois transferida para 1950, no País sul-americano.
Imediatamente após a escolha do Brasil, iniciaram-se os preparativos para a competição, que incluía a construção daquele que seria o maior estádio do mundo: o Maracanã, com capacidade nominal de 155 mil lugares. A construção do Maracanã, no antigo terreno do Jockey, no Rio de Janeiro, começaria em 02/08/1948 e sua inauguração se daria em 17/06/1950, sete dias antes do início da Copa, ainda com cara de obra inacabada. Outros estádios, em cidades como Porto Alegre, São Paulo, Curitiba, Recife e Belo Horizonte, foram ampliados ou remodelados em poucos meses.
Muitas Desistências :
Para a Copa de 1950, um total de 32 países se inscreveram para participar das Eliminatórias. Elas deveriam definir 14 vagas para o Mundial, uma vez que a Itália, campeã anterior, e o Brasil, País-sede, já tinham os seus lugares assegurados. Porém, as Eliminatórias acabaram sendo afetadas por inúmeras desistências. Fora da competição classificatória estavam Alemanha e Japão, que haviam sido expulsos e ainda não tinham sido readmitidos na FIFA. Outras forças do futebol mundial, tais como Hungria, Tchecoslováquia e Polônia, agora atrás da cortina de ferro comunista que havia descido sobre a Europa, nem chegaram a se inscrever. A Áustria, depois de garantir vaga nas Eliminatórias, desistiu. A Argentina, com a maioria de seus melhores jogadores atuando numa liga pirata na Colômbia, acabou também por desistir da Copa.
Por outro lado, o Mundial de 1950 marcaria o retorno do Uruguai, campeão de 1930, à maior competição de futebol do planeta, e pela primeira vez, teria a presença das seleções britânicas - Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte – todas colocadas em um mesmo grupo classificatório, em que a Inglaterra acabou vencendo. Mesmo assim, as 16 vagas acabaram não sendo preenchidas. Países convidados para ocupar as vagas restantes, surpreenderam com suas desistências. Foram os casos da França, Turquia, Portugal e Escócia. Assim, no final, apenas 13 nações confirmariam presença na Copa organizada pelo Brasil. A competição, agora denominada Copa Jules Rimet, em homenagem ao francês que durante 25 anos tinha estado à frente da FIFA, reapresentava ao mundo a taça que havia, nos anos de guerra, sido secretamente guardada nos cofres da FIFA na Suíça, levada pelo dirigente italiano Ottorino Barassi, que tomou tal decisão com receio que a mesma fosse derretida para engordar o tesouro de Mussolini.
Um Brasil Forte e Confiante :
Para jogar e, é claro, ganhar a Copa em sua casa, o Brasil contava com um técnico vencedor, sério e disciplinador: Flávio Costa, então tricampeão carioca com o Vasco, à época conhecido como “Expresso da Vitória”. Porém, Flávio era, desde o momento de sua nomeação para o cargo ainda em 1944, um dos homens mais criticados do País. Em São Paulo, taxavam-no de carioca demais. No Rio, acusavam-no de privilegiar os jogadores vascaínos nas suas convocações. Mas, a verdade, é que grandes jogadores a sua disposição e apoio da CBD não lhe faltariam. A seleção brasileira convocada para a Copa de 1950 possuía magníficos craques como o médio Danilo Alvim e os atacantes Zizinho, considerado o maior jogador do Brasil antes de Pelé, Ademir de Menezes e Jair da Rosa Pinto. Na reserva, Flávio Costa tinha um banco de luxo, onde figuravam craques da envergadura do goleiro Castilho e do lateral Nilton Santos. Às vésperas da competição, porém, uma grande baixa: o ponta-direita Tesourinha, um gaúcho de infernais dribles curtos, se contundiu e acabou sendo cortado e substituído por Friaça. Para o período de concentração, a delegação nacional usaria as confortáveis instalações da estação de águas de Araxá (MG).
Desequilíbrio na Escolha dos Grupos :
O sistema de disputa escolhido para a Copa de 1950 tinha seus problemas. Com o receio de eliminações precoces, como a experimentada por si próprio na Copa de 1934, quando jogou uma só partida e teve que voltar para casa, o Brasil propôs mudar o sistema do tradicional “mata-mata” para o de grupos na primeira fase. Segundo os brasileiros, o novo sistema aumentaria também o número de partidas da competição e incrementaria a arrecadação. A proposta, no entanto, encontraria muita resistência por parte da FIFA, que a considerava um atentado ao próprio espírito da Copa. Porém, no final, a sugestão brasileira foi acatada, havendo, contudo, o absurdo de se deixar 2 grupos com quatro Países, 1 com três e outro, o do Uruguai, com apenas mais uma seleção, a fraca Bolívia. Assim, o Brasil, para chegar a partida final, teria que jogar seis vezes, enquanto o Uruguai, apenas quatro vezes.
A segunda fase também teria uma novidade: seria disputada em um turno final com grupo único formado pelos vencedores das chaves da primeira fase. Assim, não teríamos uma partida final propriamente dita, mas um grupo onde todos jogariam contra todos.
Os Favoritos :
Além de um empolgado Brasil, a Copa tinha na Inglaterra, na Itália, na Suécia e na Espanha, as seleções favoritas ao título. Treinada por Walter Winterbotton, a seleção da Inglaterra era a grande novidade na Copa do Mundo. Tinha um time forte, cheio de talentos, onde se destacavam Tom Finney, Billy Wright, Stanley Mortensen, Wilf Mannion e o veterano Stanley Matthews. A bicampeã Itália, por sua vez, chegou a São Paulo após uma longa viagem de navio, bastante desfalcada depois de uma terrível tragédia: um ano antes, o magnífico time do Torino, tricampeão italiano e base da “Squadra Azzurra”, durante viagem de avião, de Lisboa para Turim, foi vítima de um acidente aéreo, o desastre de Superga, que vitimou todos os seus jogadores, entre eles Bacigalupo, Ballarin, Maroso, Rigamonti, Loik, Gabetto e Valentino Mazzola, pai de Sandro Mazzola, que atuaria pela Itália na final da Copa de 1970. Isso, porém, não diminuía a atenção dispensada àquela seleção.
A Suécia, treinada pelo inglês George Raynor, era outra força da competição, com destaque para o jovem atacante Nacka Skoglund, de apenas 20 anos. E a Espanha, que possuía uma de suas melhores seleções de todos os tempos, onde destacavam-se o veloz ponta-esquerda Gainza e o centroavante Zarra. O Uruguai, pelo contrário, não ganhava uma competição continental desde o Sul-Americano de 1942, e sua seleção era considerada velha e ultrapassada. Porém, ainda em 1950, pouco antes da Copa, o Brasil jogaria três partidas contra o Uruguai válidas pela Taça Rio Branco: perderia uma e ganharia duas, todas por placar apertado com diferença de um gol. A luz amarela deveria ter sido acendida.
O Brasil na Primeira Fase :
Pelo grupo 1, o Brasil foi sorteado ao lado de Iugoslávia, México e Suíça. A estréia da seleção nacional foi tranqüila com uma goleada de 4 a 0 sobre o fraco México. Na partida disputada no Maracanã, Flavio Costa, com Zizinho contundido, escalou um ataque que jamais havia jogado junto: Maneca, Ademir, Baltasar, Jair e Friaça. No meio-campo, Flavio apostou numa linha carioca, formada por Eli, Danilo e Bigode. Resultado: a seleção venceu, mas não convenceu. Logo em seguida, a seleção viajou para São Paulo para enfrentar a Suíça. No Pacaembu, Flavio Costa tentou fazer média com a torcida paulista e fez modificações radicais na equipe escalando no meio-campo três paulistas – Bauer, Rui e Noronha - todos do São Paulo. E no ataque, montou o time com Alfredo, Maneca, Ademir, Baltasar e Friaça. A mudança não deu certo e o Brasil deixou o campo vaiado ao não passar de um perigoso empate de 2 a 2 contra uma Suíça, que confiava na tática do ferrolho, armado pelo seu técnico Franco Andreoli. O empate forçava o Brasil a vencer a Iugoslávia de qualquer maneira para se classificar para a próxima fase do Mundial, afinal aquela seleção européia havia vencido os seus dois compromissos iniciais contra a Suíça (3 a 0) e o México (4 a 1). Porém, desta vez, com Zizinho recuperado, Flavio Costa acertaria em cheio na escalação do “scratch” nacional, com um meio-campo formado por Bauer, Danilo e Bigode, e um ataque armado com Maneca, Zizinho, Ademir, Jair e Chico. O Brasil acabaria vencendo por 2 a 0, com gols de Ademir e Zizinho, um em cada tempo de jogo, e se classificando para o turno final. Este foi o jogo em que o técnico do Brasil abandonou a sua tradicional formação em “diagonal” para adotar até o final da Copa, um WM ortodoxo. Nessa partida, o iugoslavo Rajko Mitic, ao entrar em campo, bateu a cabeça em uma barra metálica na boca do túnel do vestiário e só entrou em campo após dez minutos de bola rolando. Ele foi um dos melhores jogadores em campo.
Uma Zebra Monumental :
Pelo grupo 2, Inglaterra e Espanha eram os grandes favoritos contra EUA e Chile. Na primeira rodada, nenhuma surpresa: a Inglaterra fez sua estréia em Copas sem empolgar batendo o Chile por 2 a 0, enquanto a Espanha venceria os EUA por 3 a 1. Porém, na rodada seguinte, aconteceria uma zebra monumental. Em partida realizada no estádio Independência, em Belo Horizonte, diante de 12 mil pessoas, a seleção dos EUA bateria a orgulhosa e superfavorita Inglaterra por 1 tento a 0, gol marcado pelo haitiano Joe Gaetjens aos 37 minutos do segundo tempo. O resultado da partida foi ainda mais surpreendente pelo fato da equipe norte-americana ter sido formada às pressas, em Nova York, com jogadores escoceses, ingleses e até portugueses naturalizados, como eram os irmãos John e Edward Sousa. Perto do talento e da disciplina inglesa, aquele era um time de aprendizes. A saga, porém, acabaria virando até filme de Hollywood, em 2005, com o título de “The Game of Their Lives”. A Inglaterra ainda levaria outro golpe três dias depois ao perder por 1 a 0 para a Espanha, para voltar para casa mais cedo, eliminada na primeira fase.
No grupo 3, a Suécia se imporia à Itália, ainda não recuperada do desastre de Superga, e a um valente Paraguai. Na principal partida deste grupo, a Suécia bateu a Itália por 3 a 2. E pelo grupo 4, absurdamente formado por apenas duas seleções, o Uruguai não teve dificuldades em golear a fraquíssima Bolívia por 8 a 0, e assegurar seu lugar na próxima fase, praticamente sem precisar suar a camisa.
A Tragédia do Maracanã :
Enfim, sobreveio o turno final com as quatro seleções classificadas após a fase de grupos: Brasil, Espanha, Suécia e Uruguai. A estréia do Brasil nesta fase contra a Suécia, em um Maracanã lotado com mais de 138 mil pessoas, foi sensacional. Flavio Costa manteve o time que havia vencido a Iugoslávia na partida anterior, e a torcida foi brindada com um show de gols. O Brasil goleou por incríveis 7 a 1, com quatro gols de Ademir. Na mesma rodada, no Pacaembu, em São Paulo, um determinado Uruguai arrancaria um empate em dois gols contra a favorita Espanha. Na segunda rodada, mais um espetáculo do Brasil. No Maracanã, agora abarrotado com mais de 167 mil pessoas, a seleção nacional arrasou e desmoralizou a Espanha por impensáveis 6 a 1. Foi um jogo de jogadas sensacionais, dribles e passes perfeitos. A torcida, alucinada com o show brasileiro, cantava em uníssono no estádio a música de sucesso da época, apropriadamente chamada de “Touradas em Madri”. Diante de partida tão perfeita, o Brasil assumia definitivamente a condição de favorito ao título. No mesmo dia, em São Paulo, discretamente, o Uruguai venceria a Suécia por apertados 3 a 2. Assim, os resultados garantiam ao Brasil, na rodada final, o direito de empatar com o Uruguai para chegar ao inédito título mundial.
Os dois jogos da terceira e última rodada do turno final da Copa de 1950 foram disputados na mesma hora do dia 16 de julho. No Pacaembu, em São Paulo, a Suécia surpreendeu ao vencer a Espanha por 3 a 1, conquistando assim o terceiro lugar do Mundial. O sucesso do time sueco na competição valeu posteriormente a contratação maciça de seus jogadores por clubes italianos. Na partida que valia o título, Brasil e Uruguai se enfrentaram no Maracanã. Calcula-se que mais de 200 mil pessoas se acotovelavam no estádio. A festa estava pronta para o primeiro título mundial do Brasil. Porém, os uruguaios estavam dispostos a mudar o enredo desta história. A primeira etapa foi nervosa. Porém, logo ficou claro que a principal jogada do Brasil que havia dado tão certo nas partidas anteriores, as triangulações no ataque entre Zizinho, Ademir e Jair, estava sendo anulada eficientemente pela defesa adversária que jogava com três zagueiros plantados, um outro atrás na sobra e dois meias recuados ajudando a defesa. Enquanto isso, o capitão Obdulio Varela atuava aos berros comandando sua equipe como um autêntico maestro. Diante de tanta cautela, o primeiro tempo acabou em um empate sem gols. Porém, logo aos 5 minutos da etapa final, Friaça recebeu de Zizinho, bateu Rodriguez Andrade na corrida, chutou cruzado e abriu o placar para o que se acreditava ser o início de uma grande vitória. Porém, os uruguaios não se entregariam, passando a explorar sua jogada mais perigosa: a velocidade de Ghiggia pela direita. Apesar da vantagem no placar, os brasileiros pareciam apáticos. Assim, aos 21 minutos, Schiaffino empataria após um cruzamento de Ghiggia, sem chance para Barbosa. Com o gol inesperado, um silêncio de morte se abateu sobre o Maracanã. Contudo, o empate ainda dava o título ao Brasil. Todavia, aos 34 minutos, sobreveio o lance capital do jogo: novamente acionado pela direita, Ghiggia avançou sobre o zagueiro Bigode, correu até a linha de fundo e, quando se esperava novo cruzamento, ele chutou torto, sem ângulo. A bola, porém, para desespero de toda a nação brasileira, acabou entrando sobre o corpo de Barbosa. Estava decretada a maior tragédia da história do futebol brasileiro. O episódio que passou a história como o “Maracanazo”. Enquanto uma geração brilhante do futebol brasileiro era condenada para todo o sempre pelo seu fracasso retumbante, os uruguaios comemoravam ruidosamente o bicampeonato mundial de futebol.
Ficha Técnica da Final
Uruguai 2 x 1 Brasil
Local: Estádio Maracanã (Rio de Janeiro)
Público: 174.000
Juiz: George Reader (Inglaterra)
Assistentes: Arthur Ellis (Inglaterra) e George Mitchell (Escócia)
Gols: Friaça 3, Schiaffino 21 e Ghiggia 34 do 2º tempo.
Uruguai: Maspoli, Matias Gonzalez e Tejera, Gambetta, Obdulio Varela e Rodriguez Andrade, Ghiggia, Perez, Miguez, Schiaffino e Moran.
Técnico: Juan Lopez
Brasil: Barbosa, Augusto e Juvenal, Bauer, Danilo e Bigode, Jair, Zizinho, Friaça, Ademir e Chico.
Técnico: Flavio Costa
Os Campeões do Mundo
URUGUAI
Goleiros: Maspoli (Peñarol) e Aníbal Paz (Nacional)
Defensores: Gambetta (Nacional), Juan Carlos Gonzalez (Peñarol), Matias Gonzalez (Atlético Cerro), Martinez (Rampla Juniors), Tejera (Nacional) e Vilches (Atlético Cerro)
Meias: Ortuño (Peñarol), Pini (Nacional), Rodriguez Andrade (Central) e Obdulio Varela (Peñarol)
Atacantes: Britos (Peñarol), Burgueño (Danúbio), Ghiggia (Peñarol), Miguez (Peñarol), Moran (Atlético Cerro), Julio Perez (Nacional), Rijo (Central), Romero (Danúbio), Schiaffino (Peñarol) e Vidal (Peñarol)
Técnico: Juan Lopez
Campanha: 4 J, 3 V, 1 E, 0 D, 15 GF, 5 GC
Números da Copa de 1950 :
Países participantes: 13
Número de jogos: 22
Gols marcados: 88 (4 gols por jogo)
Público: 1.036.000 (47.091 por jogo)
Cidades-sede: 6
Artilheiro: Ademir de Menezes (Brasil), com 9 gols
Posição do Brasil: 2º lugar
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