Seleção de Futsal de São Paulo do Potengi

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quinta-feira, 18 de março de 2010

V Copa do Mundo – Suiça 1958

         Provisoriamente, a Suécia havia sido apontada como sede da Copa do Mundo de 1958 no Congresso da FIFA em Luxemburgo, em 1948. A confirmação se deu no Congresso de Zurique, em 1954. Um ano depois, aos 78 anos de idade, falecia Rodolphe Seeldrayers, o belga que presidia a FIFA desde novembro de 1954. Seu substituto, o britânico Arthur Drewry, manteve a decisão de realizar a Copa na Suécia. O Comitê Organizador da competição teve seu comando entregue ao suíço Ernst Thommen, que já tinha a experiência de ter organizado o Mundial anterior. Neste período, a FIFA teria mais duas perdas importantes com os falecimentos dos franceses Henri Delaunay, em 1955, e Jules Rimet, em 1956, dois grandes pioneiros da entidade. Eles não veriam o torneio mundial organizado pelo País escandinavo que seria um dos mais marcantes da história pela estréia de Pelé, pela primeira vitória do Brasil, pelo aparecimento da tática do 4-2-4 e pelo francês Just Fontaine, com seus treze gols marcados em uma só Copa, um recorde. A exemplo da Copa anterior, a competição voltou a ser televisionada com exclusividade para a Europa, onde onze Países compraram o sinal emitido pela Eurovisão.


Surpresas nas Eliminatórias: Uruguai e Itália Ficam Fora da CopaUm ano antes da Copa foram disputadas as Eliminatórias que deveriam levar à classificação de 14 seleções. Elas se juntariam à Suécia, País-sede, e Alemanha Ocidental, campeã do Mundial anterior. Na época, havia um grande desequilíbrio na distribuição das vagas restantes. Os europeus deveriam ficar com dez vagas, os sul-americanos com três, e o resto do mundo com uma. No total, 51 países se inscreveriam para disputar as Eliminatórias. Pelos grupos europeus, foi destaque a classificação da URSS, que assim participaria de sua primeira Copa do Mundo, e de todas as quatro nações do Reino Unido – Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales – sendo esta a única vez em que isto aconteceu na história das Copas. A Irlanda do Norte conseguiu a façanha de eliminar a Itália. Detalhe interessante: a Itália usou nas Eliminatórias a dupla uruguaia campeã mundial de 1950 – Ghiggia e Schiaffino – ambos, agora, naturalizados italianos. A classificação de Gales, entretanto, só se deu de maneira indireta. No seu grupo das Eliminatórias, o País de Gales foi eliminado pela Tchecoslováquia. Porém, na final do grupo da zona africano-asiática restaram Israel e Sudão que decidiriam quem iria à Copa. Como o Sudão desistiu de enfrentar Israel, a FIFA temendo transformar a Copa em uma disputa político-ideológica, decidiu que Israel deveria disputar a vaga com um País europeu. Foi feito então um sorteio com os segundos colocados dos grupos daquele continente, e Gales, por pura sorte, foi o escolhido para enfrentar Israel. Com duas vitórias por 2 a 0, uma em Telavive e outra em Cardiff, a seleção galesa acabou se tornando a 11ª equipe européia classificada para a Copa de 1958.

Na zona sul-americana, três grupos foram formados: Brasil, Argentina e Uruguai eram os cabeças-de-chave de seus respectivos grupos. Coube ao Brasil pegar o Peru. Foram dois jogos dificílimos: Em Lima, empate de 1 a 1. No jogo de volta, no Maracanã, vitória magra do Brasil por 1 a 0, com um gol de folha-seca de Didi, e o Brasil estava na Copa. Por sua vez, em 1957, a Argentina tinha seus melhores jogadores atuando por clubes italianos e o sindicato dos atletas profissionais do País proibia a atuação deles na seleção nacional. Assim, com uma seleção de veteranos, onde se destacava o craque Angel Labruna, aos 39 anos, a Argentina treinada por Guillermo Stábile, artilheiro da Copa de 1930, conseguiria a classificação, eliminando Chile e Bolívia. A grande decepção, todavia, acabaria sendo o Uruguai, que foi eliminado pelo Paraguai.

Os Favoritos: O Brasil Não Estava Entre Eles Um pouco antes da Copa, a revista francesa “France Football” declarou que os favoritos para a conquista do caneco na Suécia eram Alemanha Ocidental, Hungria, Inglaterra, Suécia e Tchecoslováquia. Os alemães, então campeões mundiais, tinham uma equipe com apenas quatro veteranos da campanha anterior. Ainda treinada por Sepp Herberger, mantinham o velho padrão de solidez na defesa e força no ataque. Nesta Copa, estrearia o centroavante Uwe Seeler, com apenas 18 anos, que faria história no futuro com a camisa da seleção de seu País. A Hungria, porém, tinha sido fortemente afetada pela invasão soviética de 1956. No momento da invasão, o time do Honved, base da seleção que encantara o mundo na Copa de 1954, estava viajando pelo exterior. Muitos jogadores então decidiram não voltar ao seu País, entre eles Puskas, Kocsis e Czibor. A seleção húngara estava, portanto, dividida e, na Suécia, estaria longe de ter o mesmo poderio de quatro anos antes. A Inglaterra, embora tivesse um grande time, havia perdido, em fevereiro de 1958, dois grandes craques do Manchester United e da seleção em um acidente aéreo em Munique: Duncan Edwards e Tommy Taylor. Na Copa da Suécia, a seleção inglesa ainda seria treinada por Walter Winterbotton, que dirigia o time desde 1947. Quanto à seleção da casa, a Suécia, ela foi bastante fortificada pela decisão da federação de seu País de finalmente permitir o profissionalismo. Assim, craques da seleção olímpica campeã de 1948, que haviam ido jogar na Itália, voltaram ao seu País, entre eles, Gunnar Gren e Niels Liedholm. Além destes, voltavam também ao País craques como Gunnar Nordahl, Nacka Skoglund e Kurt Hamrin, bem como o técnico inglês George Raynor, que havia comandado a equipe na bem-sucedida campanha na Olimpíada de 1948.

A França não aparecia entre os favoritos, assim como Argentina e Brasil. Quanto ao Brasil, os europeus reconheciam a habilidade e a arte de tratar a bola dos jogadores verde-amarelos, mas diziam que os mesmos eram psicologicamente despreparados para vencer uma competição desta envergadura. Quanto à URSS, estreante em Copas, a revista francesa considerava-a a grande incógnita da competição. Campeã olímpica de futebol em 1956, escondida por trás da cortina de ferro, dizia-se ter um futebol programado cientificamente, um futebol de laboratório.

Havelange Assume a CBD e Muda o Planejamento do Brasil Para a Copa
Após ter sido eliminado nas cinco Copas anteriores, havia um consenso no Brasil de que os nossos jogadores eram habilidosos, mas inconseqüentes e pouco sérios, e que esse “defeito” tinha sido responsável por nossas derrotas e eliminações precoces. Após a Copa de 1954, a seleção brasileira havia excursionado pela Europa, em 1956, sob o comando de Flavio Costa, o mesmo técnico vice-campeão mundial de seis anos antes, e tinha se envolvido em confusões nos gramados europeus. No ano seguinte, já sob o comando de Osvaldo Brandão, o Brasil perderia o Campeonato Sul-Americano para a Argentina. Assim, em janeiro de 1958, em substituição a Sílvio Pacheco, João Havelange assumia a presidência da CBD. Uma vez na CBD, Havelange, um advogado ligado à natação, ex-atleta olímpico, e chefe da delegação nacional na Olimpíada de 1956, decidiu fazer algumas mudanças importantes. Nomeou Paulo Machado de Carvalho, um empresário da mídia de rádio e TV, como vice-presidente e responsável pelo planejamento para a Copa. Junto com ele, estariam Carlos Nascimento, supervisor, Hilton Gossling, médico, Paulo Amaral, preparador físico, e duas novidades: João Carvalhaes, psicólogo, e Mário Trigo, dentista. Era a primeira vez que a seleção tinha dois profissionais destas especialidades em sua delegação. Para técnico, foi nomeado Vicente Ítalo Feola, 49 anos, gordo e bonachão, que havia sido bicampeão paulista dirigindo o São Paulo, ainda na década de 40. Feola, na verdade, à época de sua indicação para a seleção, não exercia exatamente a função de técnico do clube paulista. Ele era diretor técnico do São Paulo, mas quem escalava o time era Bela Gutman. Feola era certamente uma escolha mais amoldável para o novo planejamento da seleção, que preconizava um forte trabalho de equipe, que certamente não seria aceito tão facilmente por técnicos mais turrões como Flávio Costa, por exemplo. Assim, em abril de 1958, foi anunciada a lista de 33 jogadores que estavam pré-selecionados para a Copa. Junto com a lista, vinha todo um planejamento de preparação. Quando a lista final dos 22 que iriam à Copa foi anunciada, os nomes relacionados incluíam 12 jogadores de clubes cariocas e 10 de São Paulo. Na lista, apareciam os nomes de Pelé e de Garrincha, que jogariam juntos pela primeira vez em 18/05/1958, em amistoso contra a Bulgária, no Pacaembu, com vitória brasileira por 3 a 1. Nos oito anos seguintes, o Brasil jamais perderia uma partida com os dois em campo. Pelé, contudo, por pouco não viajou com a delegação, pois havia se machucado no último amistoso no Brasil antes da Copa: uma partida contra o Corinthians. Porém, na última hora, a comissão técnica decidiu mantê-lo no time. No dia 24 de maio, a seleção rumava para a Suécia a bordo de um DC-7 da Panair.


A Primeira Fase do Mundial
O francês Just Fontaine(foto), o maior artilheiro da história em uma só Copa: 13 gols em 1958

Novamente a FIFA mudou o regulamento da primeira fase do Mundial. Desta vez foi mantida a divisão das 16 seleções em 4 grupos de 4 equipes. Porém, diferentemente de 1954, todos enfrentavam todos, sem prorrogação em caso de empate, e se dois times acabassem empatados em número de pontos na segunda colocação, um jogo-desempate era disputado. Se persistisse o empate, valia o saldo de gols ou, em último caso, haveria um sorteio para definir quem passaria para a próxima fase.

Assim, pelo grupo 1, a campeã do mundo, a Alemanha Ocidental, estreou batendo uma Argentina de péssimo preparo físico, por 3 a 1. Nessa partida, Seeler marcou seu primeiro gol em Copas. Em seguida, os alemães empataram duas vezes pelo mesmo placar – 2 a 2 – com Tchecoslováquia e Irlanda do Norte, garantindo a classificação para a fase seguinte. Os argentinos, por sua vez, ganharam da Irlanda, mas acabaram tomando uma goleada histórica de 6 a 1 dos tchecos, enterrando assim suas esperanças de classificação. Tchecos e irlandeses empataram no número de pontos na segunda colocação. No jogo-desempate, com dois gols de McParland, a Irlanda venceria por 2 a 1 e seguiria em frente na Copa.
Pelo grupo 2, França e Iugoslávia dominaram e terminaram empatados em número de pontos. Pelo saldo de gols, a França ficou com a primeira posição. O time gaulês, treinado por Paul Nicolas, tinha um ataque formado por Piantoni e Fontaine, do Stade de Reims, que marcaria época. Eles eram munidos pelo excelente meia Raymond Kopa, que atuava no Real Madrid. Os franceses marcaram 11 gols na primeira fase do Mundial de 1958, sendo 6 anotados por Fontaine. Neste grupo, as seleções eliminadas foram Escócia e Paraguai.
Pelo grupo 3, os donos da casa, os suecos fizeram bonito nas duas partidas iniciais ao bater o México, por 3 a 0, e a Hungria, por 2 a 1, garantindo sua classificação. Na terceira partida, contra o País de Gales, que possuía uma defesa bastante fechada, sobreveio um empate sem gols. O País de Gales já havia antes empatado também com Hungria e México. Com a goleada de 4 a 0 sobre o México, a Hungria garantiu o direito de jogar um jogo-desempate com Gales para decidir a segunda colocação. Foi uma partida violenta, em que os húngaros, que já não eram mais aqueles de quatro anos antes, acabaram sendo eliminados ao tomar uma virada e perder por 2 a 1. Este jogo foi assistido por apenas 2.832 espectadores.

Pelé e Garrincha Estréiam: o Brasil Dá Show Contra a URSS


No grupo 4, estava o Brasil. Na estréia contra a Áustria, terceira colocada da Copa anterior, o técnico Feola escalou um meio campo com Dino Sani e Didi, e um ataque com Joel, Mazzola, Dida e Zagallo. Pelé e Garrincha não foram escalados. Porém, o resultado foi auspicioso: uma bela vitória por 3 a 0, com gols dde Mazzola (2) e Nilton Santos. Ainda na primeira rodada, a Inglaterra empataria com o “futebol científico” da URSS por 2 a 2. Na rodada seguinte, porém, o Brasil, com uma só mudança no time, Vavá no lugar de Dida, não conseguiria sair de um empate sem gols contra a Inglaterra, o que levaria a mais mudanças na equipe. Este foi o primeiro 0 a 0 da história das Copas. Nesta rodada, a URSS havia batido a Áustria por 2 a 0, e se mantinha no páreo. Assim, para enfrentar os soviéticos na terceira e decisiva rodada, Feola, após conversas com os atletas mais experientes da equipe, decidiu colocar Zito, Pelé, com apenas 17 anos, e Garrincha para jogar. Para dar lugar a eles, saíram do time Dino Sani, Joel e Mazzola. Vavá permanecia no ataque, assim como Didi, no meio-campo. E foi um show. No estádio Nya Ullevi, em Gotemburgo, diante de quase 51 mil pessoas, o maior público da Copa, com dois minutos de jogo o Brasil já havia chutado duas bolas na trave de Lev Yashin, o goleiro que era uma verdadeira lenda soviética. Garrincha e Pelé foram os responsáveis pelos arremates. No terceiro minuto, Vavá abriu a contagem. O Brasil dominaria intensamente a partida, e ampliaria com outro gol de Vavá aos 31 do segundo tempo. No final, a vitória por 2 a 0 com o futebol apresentado pela seleção canarinho maravilharia o mundo e colocaria o Brasil na lista dos favoritos para conquistar aquela Copa do Mundo. Para fechar a rodada, a Inglaterra tropeçaria diante dos austríacos ao empatar por 2 a 2, o que forçaria um jogo-extra contra a URSS para decidir o segundo colocado. Nesta partida, a URSS levaria a melhor ao vencer por 1 a 0, com gol de Ilyn, aos 23 minutos da etapa final.


As Batalhas das Quartas e das Semifinais
Momento histórico: Pelé marca seu primeiro gol em Copas, em partida contra o País de Gales

Pelas quartas-de-final da Copa de 1958, assim como em 1954, a Alemanha Ocidental voltou a enfrentar a Iugoslávia. E novamente voltou a vencer: dessa vez por 1 a 0, com gol de Rahn, veterano da Copa anterior. A Alemanha possuía no seu ataque, além de Rahn, mais dois veteranos campeões de quatro anos antes, Fritz Walter e Schafer, na companhia do jovem garoto Uwe Seeler. Em Norkoping, a França, cada vez mais impossível, não tomou conhecimento da Irlanda do Norte, e aplicou 4 a 0, com mais dois gols de Fontaine. Em Estocolmo, a Suécia mostrou sua força e técnica ao bater a URSS por 2 a 0, dando assim uma grande alegria à sua torcida. Em Gotemburgo, o Brasil pegaria o País de Gales. Com Vavá machucado, Mazzola voltaria ao time. De resto, a equipe era a mesma que havia vencido a URSS na partida anterior. O técnico galês, Jimmy Murphey, um especialista em retrancas, armou seu time com dez jogadores na defesa, o que dificultaria bastante o trabalho dos brasileiros. O gol único da partida, aliás, um golaço, só seria anotado aos 26 minutos da etapa final através de Pelé: o seu primeiro gol em Copas. O Brasil estava mais uma vez na semifinal.

As semifinais foram jogadas no mesmo dia, 24 de junho, e na mesma hora, 19 horas, porém em cidades diferentes. Em Gotemburgo, Suécia e Alemanha Ocidental fariam uma partida bastante equilibrada. Na primeira etapa, Rahn abriria para a Alemanha, enquanto Skoglund empataria para a Suécia. Na etapa final, o jogo começou a pender para a Suécia depois que o juiz argentino Juan Brozzi começou a fazer vistas grossas para lances suspeitos envolvendo os donos da casa. Ao mesmo tempo, passou a castigar os alemães: Juskowiak foi expulso por revidar um tapa, e Fritz Walter, atingido violentamente, passou a fazer número em campo. Assim, a Suécia chegaria à vitória por 3 a 1, com gols de Gren e Hamrin nos dez minutos finais. Na outra semifinal, em Estocolmo, com Vavá de volta ao time, o Brasil daria espetáculo e massacraria a França por 5 tentos a 2. O primeiro tempo acabou 2 a 1 para o Brasil, placar que não traduzia o amplo domínio verde-amarelo na partida. O zagueiro francês Jonquet, atingido por Vavá, sairia de campo aos 27 minutos com suspeita de fratura na perna. Como substituições ainda não eram permitidas, a França passou a jogar o resto da partida com dez homens. Na segunda etapa, então, Pelé marcaria três gols e selaria a vitória histórica do Brasil

Vitória do Futebol-Arte
                                             Bellini ergue a taça de campeão
Pela disputa do terceiro lugar, a França se aproveitou de uma Alemanha Ocidental bastante modificada em razão de muitas contusões, e sapecou 6 a 3, conquistando o terceiro posto do Mundial. Fontaine aproveitou para marcar mais 4 gols, terminando a Copa com 13 tentos anotados, tornando-se, até hoje, o maior artilheiro de uma só Copa do Mundo.

A partida final foi disputada no estádio Rasunda, em Estocolmo, em 29 de junho. Cerca de 50 mil pessoas enchiam as arquibancadas. A arbitragem da partida foi entregue ao francês Maurice Guigue. Com insônia e nervoso, o lateral-direito brasileiro De Sordi não dormiu bem na véspera e pediu para ser substituído. No seu lugar, entraria Djalma Santos. No mais, a seleção brasileira era a mesma que havia goleado a França na semifinal: Gilmar, no gol; Djalma Santos pela direita; Bellini e Orlando, na zaga; Nilton Santos, pela lateral-esquerda; Zito e Didi, no meio-campo; e um ataque formado por Garrincha, Vavá, Pelé e Zagallo. Brasil e Suécia possuíam, ambos, camisas amarelas e calções azuis. Foi então realizado um sorteio e o Brasil perdeu. Sem segundo uniforme, foi preciso comprar camisas azuis e calções brancos em uma loja de Estocolmo, descosturar os escudos da CBD da camisa amarela e costurá-los na camisa azul. “Tudo bem”, diria Paulo Machado de Carvalho, chefe da delegação brasileira na Suécia, e mais tarde conhecido como o “Marechal da Vitória”, “O novo uniforme era da cor do manto de Nossa Senhora”. No dia anterior à partida, choveu muito e o campo estava pesado, o que poderia atrapalhar o melhor toque de bola dos brasileiros. Quando a pelota começou a rolar, sobreveio um susto logo aos 4 minutos, quando os suecos abriram o placar com Liedholm. Porém, cinco minutos depois, Garrincha, sem marcação especial sobre ele, faria grande jogada pela direita e cruzaria para o empate de Vavá. Aos 32 minutos, em jogada idêntica com os mesmos jogadores, o Brasil viraria a contenda: 2 a 1. Na segunda etapa, assim como aconteceu contra a França, o Brasil entraria com ímpeto redobrado e com gols de Pelé e Zagallo ampliaria para 4 a 1. Simonsson ainda diminuiria, mas Pelé, de cabeça, daria números finais ao jogo histórico estabelecendo o mesmo placar da semifinal contra a França: 5 a 2. Era a consagração do futebol brasileiro, que com planejamento e com uma grande equipe formada por jogadores excepcionais, havia colocado abaixo o mito do jogador brasileiro incapaz de se impor nas grandes competições internacionais. No centro do campo, sobre um tablado de madeira, para delírio da torcida brasileira, Bellini imortalizou o gesto do capitão que levanta e mostra a taça triunfante para o público. Melhor enredo não poderia ser: o Brasil era finalmente campeão mundial.

Ficha Técnica da Final
Brasil 5 x Suécia 2

Local: Estádio Rasunda (Estocolmo)
Público: 51.800
Juiz: Maurice Guigue (França)
Assistentes: Albert Dusch (Alemanha) e Juan Gardeazabal (Espanha)
Gols: Liedholm 4, Vavá 9 e 32 do 1º. Pelé 10, Zagallo 23, Simonsson 35 e Pelé 45 do 2º tempo.

Brasil: Gilmar, Djalma Santos, Bellini, Orlando e Nilton Santos, Zito e Didi, Garrincha, Vavá, Pelé e Zagallo.
Técnico: Vicente Feola
Suécia: Svensson, Bergmark e Axbom, Borjesson, Gustavsson e Parling, Hamrin, Gren, Simonsson, Liedholm e Skoglund.
Técnico: Georges Raynor

Os Campeões do Mundo



BRASIL

Goleiros: Gilmar (Corinthians) e Castilho (Fluminense)
Defensores: Bellini (Vasco), Djalma Santos (Portuguesa), Dino Sani (São Paulo), Oreco (Corinthians), Zózimo (Bangu), Nilton Santos (Botafogo), De Sordi (São Paulo), Orlando(Vasco) e Mauro (São Paulo).
Meias: Didi (Botafogo), Moacir (Flamengo) e Zito (Santos).
Atacantes: Zagallo (Flamengo), Pelé (Santos), Garrincha (Botafogo), Joel (Flamengo), Mazola (Palmeiras), Vavá (Vasco), Dida (Flamengo) e Pepe (Santos)
Técnico: Vicente Feola


Campanha: 6 J, 5 V, 1 E, 0 D, 16 GF, 4 GC

Números da Copa de 1958
Países participantes: 16
Número de jogos: 35
Gols marcados: 126 (3,6 gols por jogo)
Público: 919.580 (26.724 por jogo)
Cidades-sede: 12
Artilheiro: Just Fontaine (França), com 13 gols
Posição do Brasil: campeão

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